Friday, October 13, 2006

Sobre mentiras e matemática


Confesso: sou um poço de contradições! Mas isso nem é novidade para ninguém. Já confessei aqui e em qualquer outro lugar onde eu tenha colocado minhas características (Orkut, fotolog, blog, My Space...). Por isso, não adianta nada você aí, que me conhece pessoalmente, me apontar o dedo e dizer que sou hipócrita ao criticar algumas coisas.
Eu faço! E justamente porque faço, sei que na verdade muitas vezes não é de verdade! É o mais puro fingimento para se conseguir aquilo que se deseja. Explicando: eu odeio dramas!
Sabe, aquele draminha barato do tipo: “você não me ama mais, por isso não quer ir comigo assistir pela milionésima vez aquele filme chatíssimo no cinema”, “eu sou a pior pessoa do mundo”, “você me odeia”.
Ah, tenha a santa paciência! Adultos que se prezam devem conversar como adultos e não como criancinhas do primário que tentam chantagear as mães para conseguir faltar às aulas, ou como as mães desses seres mimados, tentando convence-los a fazer algo que não querem.
Fora o tanto que me irritam aquelas coisinhas do tipo: “ai, estou dodói, cuida de mim.” Noooooooossa! Tenho vontade de voar no pescoço da pessoa e dizer pra criar vergonha na cara!
E pode me chamar de fria. Porque se não ter paciência para frescuras for sinônimo de frieza, então eu sou fria mesmo!
Mas, a essa altura do campeonato, você já deve estar se perguntando, porque cargas d’água estou falando isso, não é mesmo? Eu já explico.
Sabe aquelas pessoas que surgem na vida da gente e vão se tornando cada dia mais importantes? Você se abre, se entrega, é totalmente transparente. Aí, um dia, você descobre que tudo, praticamente tudo que a pessoa te contou sobre a vida dela, não passava de uma mentira. Sinceridade, naquela relação, era via de mão única. Qual seria sua reação? Ficaria magoada, dolorida, puta da vida mesmo, não é?
Aí, você vai conversar com a pessoa e deixa isso bem claro. E ainda acrescenta um: “eu te entendo, mas não peça para confiar em você tão cedo”. (e isso contando que você seja a mais compreensiva das criaturas, ou esteja numa fase muito zen. Porque o normal seria um “suma da minha vida”.) E ainda tem que ouvir do bonito, ou da bonita um: “não se faça de vítima!”
Não!!! Responda-me sinceramente: não é o fim da picada? O cúmulo da hipocrisia?
Você é enganado e ainda lhe acusam de se fazer de vítima?
Nesse ponto é hora de fazer outra confissão: eu tenho vontade de matar uma criatura dessas! E se não o faço são por dois motivos: prisão especial para quem tem diploma de curso superior só é válida até o julgamento e porque a vida dessa pessoa infeliz deve ser tão chata, que ela precisou inventar uma muito melhor para se tornar atrativa aos meus olhos.
E então o tempo passa. Porque eu venho aprendendo que tomar iniciativas de cabeça quente pode não ser exatamente a melhor opção. E eu começo realmente a acreditar que quando essas coisas acontecem mais de uma vez, a culpa é realmente minha. E de todas as outras pessoas que perdoaram uma “mentirinha”, ao longo dos tempos.
Mas, no meu caso é pior. Não bastasse a culpa por permitir que façam isso comigo, ainda me resta a consciência me dizendo que eu não aprendo com meus erros e, principalmente, o arrependimento por não ter ouvido o conselho que um professor de matemática deu para minha sala quando eu estava na 7ª série do ginásio. Ao passar uma prova para a turma ele disse: “gente, se vocês não souberem como resolver alguma das questões, coloquem a primeira besteira que vier à cabeça. Porque se vocês ficarem pensando muito tentando resolver o problema, vão começar a inventar e a coisa vai ficar bem pior.”
Não entendeu a relação? Eu explico: me arrependo muitíssimo de não ter seguido meu primeiro instinto e exterminado com a figura lá, no comecinho, quando tive vontade.
Aff... depois dizem que o que a gente aprende nas aulas de equações de primeiro grau, na escola, não vai servir para nada pelo resto da vida. Viu? Eu, se fosse você, começava a prestar mais atenção ao que os professores falam. Sempre se pode aprender alguma coisa extra-curricular