Saturday, August 05, 2006

O Príncipe Desencantado


Desde pequena eu tripudiava a idéia do “Príncipe Encantado”. Achava ridículos aqueles contos com a princesa que vivia para encontrar seu amado que, um belo dia, chegaria num cavalo branco, usando aquelas roupinhas cafonas (meias brancas, uma espécie de shortinho com elástico nas pernas, blusa com mangas bufantes, capa e um chapeuzinho esquisito com uma pena de enfeite, para arrematar).
Aquilo simplesmente me matava de tédio. Eu gostava era da madrasta má. Aquela que fazia príncipes e princesas de tontos e aterrorizava o reino todo (e quem me conhece sabe que isso até deu origem a um site, o Malvadas).
E a história de beijar o sapo então? Inadmissível. Eu beijaria um sapo sim, com todo o prazer do mundo, se ele se transformasse num mago com o qual eu pudesse levar uma vida cheia de aventuras e surpresas. Isso porque a vida perfeita do casalzinho principal dos contos de fada, depois do “e foram felizes para sempre”, devia ser insuportável.
É claro que até as madrastas más e as bruxas podem se apaixonar perdidamente (nunca por um sujeitinho num traje que inclua um shortinho com elástico nas pernas, óbvio!). O amado dessas mulheres seria muito mais interessante. Mas eu não me lembro de uma estória que aborde o tema. Pelo menos, não uma estória infantil. O que me leva a ter certa pena das garotinhas, admiradoras dessas princesas, que vão passar a vida toda acreditando que o senhor perfeito, vai bater à porta da sua casa um dia e que eles terão filhos e serão felizes para sempre. Que esse ser maravilhoso nunca vai arrotar ou ir ao banheiro de porta aberta. Que ele vai ter uma mira perfeita e ela nunca vai ter que pedir para levantar a tampa da privada.
E, acreditem: ainda existem mulheres que esperam por esse carinha! Eu mesma conheço uma meia dúzia.
Discutindo isso, então, um dia me foi perguntado qual seria o meu homem perfeito.
Minha resposta? Não existe. É, não existe. E não existe porque eu não quero ao meu lado alguém perfeito. Quero alguém real. Do tipo que erra, que acorda amarrotado, que faz bagunça, que erra o caminho, que esquece de trazer alguma coisa do supermercado, que me mate de raiva num dia e me faça dar gargalhadas no dia seguinte.
Entretanto, como ninguém é de ferro eu me dei o direito de sonhar um pouquinho como seria a “imagem” dessa figura. Teria cabelos escuros (porque o mundo sabe que eu não gosto de loiros, mas complexa que sou, me acabo por alguns do tipo) que poderiam ser curtos, médios ou longos, mas cuidadosamente desarrumados. Ele até poderia vir montado num cavalo (afinal, vilões e magos também são adeptos dessa prática), mas é mais provável que venha numa moto ou num carro que não tenha sido ganho do papai. No lugar das meias brancas e do shortinho, uma calça jeans e no das botas, tênis (claro que o All Star seria o campeão da preferência, mas...). Substituindo a camisa de mangas bufantes, uma camiseta e uma jaqueta estilosa. E, por último, se tivéssemos que escolher alguma coisa para ficar no lugar da espada, seria uma bela guitarra.
Ao lado dele eu correria o mundo, visitando os lugares mais inusitados e maravilhosos. Veríamos shows incríveis, leríamos pilhas de livros e ouviríamos só as melhores músicas.
Descrevo, divago, viajo, sonho e... volto para o mundo real. Afinal, até o meu “príncipe desencantado” é uma idealização tão perfeita de alguém que se torna impossível encontra-lo em qualquer lugar. E como levar a vida esperando ou procurando alguém não está entre minhas vocações eu continuo por aí, curtindo os rapazes de carne e osso. Cada um com sua característica do meu objeto de desejo, mas que são capazes de me fazer especialmente feliz. Cada um a seu tempo!

1 comment:

Anonymous said...

Ei, garota, isso ficou legal! Parabéns pela idéia... e quanto ao príncipe desencantando (e desencanado), lembro da propaganda de "Sex and the City": enquanto o "homem certo" não vem, a gente se diverte com os errados!!!!