Thursday, July 27, 2006

Tudo diferente


Se eu tivesse uma chance faria tudo diferente. Me transformaria na garotinha meiga que todos imaginavam que eu seria. Viveria para casar, ter filhos, cuidar da família. Levaria uma vida comum, com todos os percalços que ela traz consigo.
A essa altura já teria minha casa e aos domingos reuniria as duas famílias (minha e de meu marido), para um churrasco. Nos meus aniversários, e nos dele, convidaríamos os amigos para uma festa sem muita badalação, ou sairíamos para comemorar num restaurante, ou na pizzaria.
De vez em quando encontraria minhas amigas de escola, lembraríamos os velhos tempos, discutiríamos os melhores métodos para criar nossos filhos e falaríamos sobre os empregos perfeitos de nossos maridos perfeitos.
Uma vez a cada bimestre eu iria nas reuniões de pais e combinaria o rodízio com as mães dos amigos dos meus filhos, afinal, era nosso dever zelar pelo meio ambiente e não ficarmos poluindo a atmosfera utilizando um carro para levar apenas uma criança para a escola.
Eu realizaria os sonhos dos meus pais, da avó, dos tios, do mundo. Seria a mulher perfeita. Aquela que espera o maridinho em casa, com o jantar pronto e sempre disposta a me entregar aos seus desejos.
E então, enquanto meus filhos perfeitos crescessem, eu os obrigaria a ser uma série de coisas que, na verdade, refletiriam os meus desejos e sonhos sufocados e abandonados em algum momento.
Pensando bem, se eu tivesse uma chance, faria tudo igual! Não nasci para levar uma vida burocrática e sem aventuras. Não quero chegar ao fim da vida pensando: "ah, Deus, como eu queria ter vivido de outro modo!"
Não, eu não quero isso.
Gosto das coisas como elas são hoje! Não entendo quem deixa a vida passar. Para mim, nós é que temos que passar por ela. Deixar nossa marca. Não sermos marcados.
Levo a vida do meu jeito. Amando intensamente cada um dos homens que passaram por ela. Desistindo de cada uma das coisas que eu acreditei que não valeriam nada ou não me trariam nada de bom. Experimentando, correndo, vivendo, respirando, sufocando...
Não nasci para sexo burocrático. Talvez por isso não tenha tempo para perder.
Faço aquilo que tenho vontade e isso independe da opinião alheia.
Eu amo as coisas do jeito que eu faço e tenho pena daqueles cuja única forma de se divertir é falando da vida alheia. Afinal, as suas são tão medíocres que não lhes resta mais nada.
Não critico, nem julgo quem leva a vida que descrevi acima. Ela só não serve pra mim. Como a minha não serve pra essas pessoas. Então, eu simplesmente gostaria que elas não me criticassem ou julgassem.
Como não sei se isso é possível, eu, sinceramente espero que elas sejam capazes de experimentar, pelo menos uma vez, a delícia que é o frio na barriga de quem anda numa montanha russa. Seja ela de emoções e sentimentos, seja ela de um parque de diversões. Afinal, todos nós devemos arriscar pelo menos uma vez. Eu sou apenas alguém que escolheu ar

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